Escritores

Almeida garret

Almeida Garrett nasceu no Porto, a 4 de fevereiro de 1799 e faleceu aos 55 anos, a 9 de dezembro de 1854, em Lisboa. Entre as suas muitas atividades destaca-se o seu papel enquanto escritor, poeta, dramaturgo, diplomata e jornalista, estando hoje a sua obra literária publicada em 14 países.

Foi o percursor do Romantismo em Portugal quando, em 1825, publicou o poema “Camões”, marcou o teatro romântico português com a peça “Frei Luís de Sousa” e desenvolveu uma campanha em favor da edificação do Teatro Nacional D. Maria II e da criação do Conservatório de Arte Dramática. Colaborou com diversos jornais e revistas, através dos quais partilhava a sua opinião relativamente à situação político-social e cultural do país. 

Garrett foi um frequentador assíduo da Póvoa por intermédio da sua amizade próxima com o poveiro, e intelectual, Francisco Gomes de Amorim. Nas suas estadias na Póvoa, Garrett encontrou inspiração para escrever a obra prima do teatro romântico, “Frei Luís de Sousa”.

CAMILO CASTELO BRANCO

Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa, a 16 de março de 1825. Foi romancista, polemista, cronista, dramaturgo, poeta e tradutor. Vulto maior do romantismo português, viveu uma vida condizente, atribulada por múltiplas paixões. “Amor de Perdição”, obra seminal da estética romântica, com a qual Camilo consolidou o prestígio de excecional prosador e de cultor da Língua Portuguesa, foi publicada em 1863.

A geografia da sua vida e da sua obra está umbilicalmente ligada a diversas localidades de Portugal, em particular à Região Norte. Nos últimos 26 anos da sua vida, enquanto residia na aldeia de Seide, em Vila Nova de Famalicão, o romancista visitou com regularidade a cidade da Póvoa de Varzim, onde se encontrava com importantes personalidades da cultura e da política, entre elas, Francisco Gomes de Amorim, o Padre Sena Freitas e Bernardino Machado. Na cidade poveira escreveu algumas das suas obras, entregou-se às diversões da vida noturna e derreteu dinheiro na roleta. 

A fase final da sua vida foi marcada pelo seu débil estado de saúde. A cegueira e a gradual incapacidade de ler e escrever, causaram-lhe enorme desgosto, acabando por se suicidar no dia 1 de junho de 1890. 

Comprometida com a valorização da vida e da obra de Camilo, a Póvoa de Varzim integra hoje a Associação de Terras Camilianas, que promove estratégias visando a promoção e preservação do património arquitetónico e literário camiliano das terras onde o romancista viveu e sobre as quais escreveu.
 

FRANCISCO GOMES DE AMORIM

Poveiro, nascido em Aver-O-Mar em 13 de agosto de 1827, tendo falecido em Lisboa a 4 de novembro de 1891. Poeta e dramaturgo, aos 10 anos emigrou para o Brasil onde exerceu a profissão de caixeiro. Francisco Gomes de Amorim só começou a aprender a ler com 12 anos de idade, mas aos 15 já escrevia poesia. Em 1846 regressou a Portugal, deslocando-se à Póvoa várias vezes, terra que lhe serviu de berço, e exerceu outras profissões até lhe ser atribuído o cargo de conservador da Biblioteca e do Museu de Antiguidades Navais. 

Foi amigo e confidente de Almeida Garrett, que considerava seu pai e mestre. A Academia Real das Ciências de Lisboa atribuiu-lhe o prémio Dom Fernando, por ter publicado o melhor trabalho sobre a vida e a obra de Almeida Garrett.

Algumas das suas principais obras são “Ódio de Raça”, “Aleijões Sociais”, “Contos Matutinos” (1858), “Efémeros” (1866) e “Memórias Biográficas de Garrett” (1881-84). 

Na casa onde nasceu, ainda conservada, a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim assinalou a efeméride do Centenário da sua morte com uma placa comemorativa.
 

EÇA DE QUEIRÓS

Nasceu na Póvoa de Varzim a 25 de novembro de 1845, numa casa no Largo de São Sebastião (hoje Largo Eça de Queiroz) e faleceu em Paris a 16 de agosto de 1900. Vulto maior da literatura portuguesa, o seu romance “Os Maias” é considerado, por muitos, o melhor romance realista português do século XIX. A sua obra, inspiradora de múltiplas adaptações ao cinema, teatro e outras artes, está atualmente traduzida em cerca de 20 línguas. Intelectual multifacetado desempenhou também jornalismo, advocacia e diplomacia internacional.

Estudou Direito em Coimbra e conviveu com muitos dos representantes da Geração de 70, com os quais descobriu as correntes ideológicas e literárias europeias, como o Positivismo, Socialismo, Realismo e Naturalismo. Fundou o jornal “O Distrito de Évora” (1866) e colaborou na “Gazeta de Portugal”. Em 1872 iniciou a sua carreira diplomática e apesar de estar fora do país, a sua colaboração com jornais e revistas manteve-se, através da publicação de crónicas e contos. Fundou em 1889 a “Revista de Portugal”, com um enfoque de crítica às classes mais altas da sociedade portuguesa. 

Das suas obras destacam-se “O Primo Basílio” (1878), “O Crime do Padre Amaro” (1880), “A Relíquia” (1887) e “Os Maias” (1888). A obra de Eça de Queirós encontra-se traduzida em cerca de 20 línguas.

Na Póvoa de Varzim, um monumento evocativo de Eça de Queirós assinala a praça do Município, a par de outros topónimos que lhe prestam homenagem, nomeadamente a Escola Secundária, pontuando assim o roteiro literário local.

ANTÓNIO AUGUSTO DA ROCHA PEIXOTO

António Augusto da Rocha Peixoto nasceu na Póvoa de Varzim, na antiga Rua da Silveira (atual Rua Rocha Peixoto) no dia 18 de maio de 1866 e faleceu a 2 de maio de 1909 em Matosinhos. Foi naturalista, arqueólogo, etnólogo. Segundo o seu conterrâneo, Flávio Gonçalves, “Rocha Peixoto constitui a maior figura intelectual até hoje” a viver na Póvoa de Varzim.

Responsável desde cedo pelo sustento da família, começou a escrever para jornais. Nos seus artigos surgiam regularmente temas como etnografia, folclore, vida colonial, arte e indústrias portuguesas, história, bem como as suas opiniões críticas sobre as instituições científicas, culturais e de ensino da época.

Rocha Peixoto foi um ávido defensor dos interesses da comunidade poveira. O autor dedicou-se ao estudo da vida dos pescadores e deu intenções de publicar um trabalho sobre os pescadores poveiros. O tema dos pescadores é, no entanto, abordado noutros trabalhos. A obra “O Poveiro” de António dos Santos Graça foi motivada pelos escritos de Rocha Peixoto sobre os poveiros.

Em 1880 é fundada a Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, que foi enriquecida com 2794 volumes legados por Rocha Peixoto. Em 1966, em cerimónia solene, a Biblioteca assumiu a designação “Biblioteca Municipal Rocha Peixoto”. Vários topónimos da Póvoa de Varzim, nomeadamente a Escola Secundária, rendem homenagem ao intelectual, marcando a cidade com a presença literária.
 

ANTÓNIO DOS SANTOS GRAÇA

António dos Santos Graça nasceu na Póvoa de Varzim em 16 de Agosto de 1882 e faleceu a 7 de Setembro de 1956. Jornalista, etnógrafo, político, filho de pescadores, conheceu e estudou intensamente a comunidade poveira. 

Fundou em 1903 o jornal “O Comércio da Póvoa de Varzim”, colaborou nos diários “O Primeiro de Janeiro” e “República”, foi dirigente e animador da Associação de Socorros Mútuos “A Povoense”. Em 1936, impulsionou a 1ª Exposição Marítima, à qual se deve a criação do Grupo Folclórico Poveiro e do Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim, que dirigiu durante quase 20 anos, até à sua morte. 

Desenvolveu uma importante atividade cultural e científica, com particular foco em conhecer as características da comunidade piscatória poveira. O seu estudo sobre esse tema reflete-se nas suas obras, entre as quais se destacam “O Poveiro” (1932), livro que consagra a cultura da classe piscatória poveira, retratando das principais personagens que marca a identidade cultural da cidade da Póvoa de Varzim; “A Crença do Poveiro nas Almas Penadas” (1934); "A Canção do Berço" (1945) e "A Epopeia dos Humildes" (1952).
 

CAETANO VASQUES CALAFATE

Nasceu na Póvoa de Varzim em 12 de maio de 1890, numa das casas do largo que atualmente está identificado com o seu nome e faleceu em 4 de dezembro de 1963. 

Além de ter sido professor, escritor e jornalista, dedicou grande parte da sua vida à defesa da classe piscatória. Através da imprensa diária de Lisboa e Porto e nos jornais locais realizou uma intensa campanha pela construção do porto de pesca da Póvoa de Varzim e pela angariação de fundos para a construção da Casa dos Pescadores da Póvoa de Varzim.

Foi nomeado Professor Efetivo do Ensino Liceal em 1914 e Professor Ordinário do Instituto Superior de Ciências, do Porto, em 1933. Foi também Professor do Liceu Nacional de Eça de Queirós (Póvoa de Varzim) durante vários anos. Dr. Luís Rainha caracteriza Vasques Calafate como “o infatigável batalhador, o idealista, o poveiro de antes quebrar que torcer, o intelectual honesto”.

As suas principais obras foram “Moral e Religião " (1920), "Acção Social do Carácter" (1922), "A Vocação Colonizadora dos Portugueses" (1961) e "Verbo, Vigor e Acção" (1966).  

JOSÉ RÉGIO

José Maria dos Reis Pereira nasceu a 17 de setembro de 1901 e morreu a 22 de dezembro de 1969, em Vila do Conde, município adjacente à Póvoa de Varzim. Foi escritor, ensaísta, dramaturgo, crítico literário e professor.  A sua obra encontra-se publicada em 5 países.

Ficou conhecido por ter fundado em Coimbra, juntamente com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões, a Revista “Presença”. A revista circulou durante 13 anos, assinalou a segunda fase do modernismo português e contou com nomes enormes das letras nacionais, como Miguel Torga. Escreveu para revistas e jornais, como “O Democrático”, “República”, “O Comércio do Porto” e “Diário de Notícias”.

O Diana-Bar, na Póvoa de Varzim foi o local onde Régio escreveu parte da sua obra, e ainda hoje, se pode encontrar a mesa e a cadeira que o escritor usava, no mesmo local onde este se sentava para trabalhar. Além disso, foi no Diana-Bar que José Régio, já nos últimos anos da sua vida deu início a tertúlias literárias às quais se juntaram outras personalidades relevantes da cultura portuguesa, como a escritora Agustina Bessa-Luís e o cineasta Manoel de Oliveira.

O seu primeiro livro, “Poemas de Deus e o do Diabo” foi publicado em 1925 e o último “A Velha Casa V – Vidas são vidas” em 1966. 
 

FLÁVIO GONÇALVES

Homem das Artes e das Letras, nasceu na Póvoa de Varzim, na casa do farol de Regufe, no dia 12 de fevereiro de 1929 e faleceu no Porto a 19 de maio de 1987. 

Flávio Gonçalves licenciou-se em Ciência Histórico-Filosóficas, lecionou no ensino secundário e nas faculdades de Belas Artes e de Letras, do Porto.

A sua obra científica impressa versou sobre variadas áreas de estudo, mas o grande foco foi a arte. Além disso, editou dois livros de poesia: "Arco de Passagem" (1954) e "Mãos de Lis" (1955). 

A sua dedicação à Póvoa é marcada pelo seu precioso trabalho desenvolvido no boletim cultural "Póvoa de Varzim", que dirigiu entre 1964 e 1987, ano da sua morte. 
 

AGUSTINA BESSA-LUÍS

Agustina Bessa-Luís nasceu em Vila Meã, Amarante, a 15 de outubro de 1922 e faleceu recentemente a 3 de junho de 2019.

Escolheu a Póvoa de Varzim como morada, a par de outras cidades do Norte do País, tais como Gaia, Porto, Maia e Vila do Conde.

Em 1948 publica o seu primeiro romance, “Mundo Fechado”. Desde então, já publicou mais de cinquenta obras, desde romances, peças de teatro, guiões para cinema, livros infantis e ensaios. Em 1953, o romance “A Sibila” faz da autora uma das principais personagens na ficção portuguesa. Alguns dos seus títulos, como “Fanny Owen”, “Vale Abraão” e “Terras do Risco”, foram adaptados ao grande ecrã, pelas mãos de cineastas como Manoel de Oliveira e João Botelho. Algumas das suas obras foram traduzidas para alemão, castelhano, francês, grego, italiano, dinamarquês e romeno.
Colaborou em várias publicações periódicas, foi diretora do diário “O Primeiro de Janeiro” (Porto) e Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa) e membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.

Agustina escreve várias vezes sobre a Póvoa de Varzim – que considera um espaço de “ouro puro” – e participou das tertúlias literárias no Diana-Bar com José Régio.
 

LUÍSA DACOSTA

Maria Luísa Saraiva Pinto dos Santos nasceu em Vila Real, em 1927 e faleceu a 15 de fevereiro de 2015 em Matosinhos.

Começou a sua produção literária com o pseudónimo Luísa Dacosta em 1955, data em que publicou um livro de contos intitulado “Província”. A partir de 1970 começou a escrever livros infantis. A escritora foi uma das principais figuras feministas a nível nacional, tendo ainda traduzido obras de outros nomes da literatura feminista, como Nathalie Sarraute e Simone de Beauvoir.

A sua bibliografia conta com mais de 30 títulos, quer de ficção como de literatura infantojuvenil e, muitas vezes, tendo como tema a mulher, refletindo uma perspetiva feminista moderna. As mulheres de Aver-o-Mar (Póvoa de Varzim) “que murcham aos trinta anos”, “sem remuneração e sob o jugo, pesado, da brutalidade dos homens” foram muitas vezes tema das suas crónicas.

Colaborou em vários periódicos, como o “Colóquio/Letras”, “O Comércio do Porto” e “Jornal de Notícias” enquanto crítica literária.

Em 2004, o Município da Póvoa de Varzim atribuiu-lhe a Medalha de Cidadã Poveira. O Presidente da Câmara realçou que a autora “está profundamente ligada à Póvoa de Varzim – local de ócio e de escrita e, por isso, muito presente na sua obra. A sua associação, de longos anos, à Póvoa de Varzim é circunstância que, com esta distinção, o município valoriza como fator de alto prestigio para a Cidade.” Em 2011 foi homenageada pelo festival “Correntes d'Escritas”, na Póvoa de Varzim.
 

VALTER HUGO MÃE

Valter Hugo Mãe nasceu em Angola, a 25 de setembro de 1971. Em 1980 mudou-se para Vila do Conde, município adjacente da Póvoa de Varzim. Licenciou-se em Direito e tem uma pós-graduação em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Em 1999 cofundou a editora Quasi, codirigiu a revista “Apeadeiro” entre 2001 e 2004 e em 2006 fundou a editora Objecto Cardiáco.

Em 2007, foi-lhe atribuído o Prémio Literário José Saramago e durante a entrega, o próprio Saramago referiu-se ao romance de Valter Hugo Mãe, “O Remorso de Baltazar Serapião” como sendo um “verdadeiro tsunami literário”. O escritor goza atualmente de um indubitável reconhecimento mediático e popular nos países de língua portuguesa, nomeadamente no Brasil.

A relação do autor com a Póvoa de Varzim começou desde cedo. Durante a infância era frequente visitar a cidade poveira durante as férias de verão, acompanhando pelas avós paterna e materna. Anos depois, enquanto escritor, continua a frequentar a Póvoa, seja como figura emblemática do Festival Literário Correntes d’Escritas, como artista residente na Casa Manuel Lopes ou, quotidianamente, como um frequentador assíduo da Biblioteca Diana-Bar, espaço de eleição para ler e escrever ou, ainda, para ir “comer uma francesinha ao Guarda-sol, sozinho, à mesa da minha avó”.
 
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